No início de Junho, que é como quem quer dizer no inicio das minhas férias anuais por terras Alentejanas, os primeiros dias apresentaram-se um pouco cinzentos e por o J. e eu aproveitámos (com alguma insistência minha, porque queria ir tirar fotos) para ir almoçar a Porto-Covo e dar um passeio pela aldeia e praias mais próximas.
Porto Covo é um dos meus sítios preferidos no Mundo. É verdade que tem crescido e aos poucos vai perdendo o encanto da aldeia de duas ou três ruas, onde passei as minhas férias com os meus avós há mais de 20 anos. No entanto, as recordações de Porto-Covo não de limitam a essas férias, começam muito antes, numa altura em que era muito nova para me lembrar, e que as memórias são alimentadas pela histórias contadas tantas vezes passaram a ser minhas também, ou por recordações mais recentes, de Verões muito divertidos com amigos, alguns ainda presentes e outros que o tempo e a vida levou a se afastarem.
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O passeio seguiu-se nos caminhos junto às praias até chegar ao Praia do Espingardeiro, passando pela praia dos Buizinhos e pela Praia do Banho (a minha preferida se não tivesse sempre tanta gente). E é nas praias, na do Banho e noutras mais afastadas (Cerca Nova, Serro "Mocho" de Águia) que se encontram as memórias mais queridas de muitos dias passados em família. Das petiscadas que levávamos para a praia e cujo hábito já se perdeu; das birras para ir ao banho quando mais ninguém queria ir; dos jogos de raquetes em que dava luta aos adultos; da pesca ao polvo onde nunca pescámos nenhum; do medo dos peixes-aranha; de passeios pelas grutas e através de várias praias quando a maré está vazia, dos jogos de cartas, e podia continuar assim durante muito mais tempo.
Finalmente o passeio acabou na Praça Central, que se mantém quase igual ao que sempre foi e que mantém o seu encanto de forma intemporal.
E como diria Rui Veloso:
"(...)
A lua já desceu sobre esta paz
E reina sobre todo este luzeiro
Á volta toda a vida se compraz
Enquanto um sargo assa no brazeiro
Ao longe a cidadela de um navio
Acende-se no mar como um desejo
Por trás de mim o bafo do destino
Devolve-me à lembrança do Alentejo
Havia um pessegueiro na ilha
Plantado por um Vizir de Odemira
Que dizem que por amor se matou novo
Aqui, no lugar de Porto Côvo
(...)"
Publicado a 30.07.2011 no meu ex-blog Olhar a minha volta